domingo, 21 de março de 2010

Frente Fria pode causar danos no RS

Neste domingo uma frente fia se organizou próximo à fronteira do Uruguai com a Argentina, e deve avançar com força sobre o Rio Grande do Sul domingo à noite e segunda-feira. A forte área de instabilidade chegou à fronteira oeste no domingo, por volta das 9h da noite.

As imagens do radar do REDEMET de Santiago mostran a forte linha de instabilidade chegando à fronteira e causando temporais.



O impressionante é o que ocorreu com a pressão atmosférica. a partir da tarde de domingo a pressão caiu cerca de 12 hPa em praticamente toda a fronteira, atingindo a impressionante marca de 995,0 hPa em Jaguarão, como visto na imagem abaixo. O vento norte pré-frontal é bastante forte na noite deste domingo, com rajadas que podem passar a 50km/h. Espera-se uma grande atividade elétrica no Estado com a chagada da frente fria.

A frente deve causar temporais fortes no RS nesta segunda-feira, e a partir de terça-feira o tempo deve se estabilizar no Estado.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Anita



Os centros de meteorologia dos estados do sul do Brasil, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, em reunião conjunta escolheram o nome para o segundo ciclone tropical da história dos satélites do Atlântico sul, o nome escolhido para a rara tempestade que formou-se entre os dias 9 e 10 de março nos litorais dos dois estados foi de Anita. Foi decidida a escolha de um nome feminino, pelo fato da tempestade ter formado-se um dia após o dia internacional da mulher e Anita em homenagem a Anita Garibaldi, heroína na Revolução Farroupilha nascida em Laguna-SC.
 Abaixo está a lista dos centros meteorológicos que participaram da nomeação:

  • Atmosfera Meteorologia-atmet  (Pelotas-RS)
  • Metsul Meteorologia (São Leopoldo-RS)
  • Central RBS de meteorologia ( Porto Alegre-RS e Florianópolis-SC )
  • Climaterra (São Joaquim-SC)
  • Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Rural (Florianópolis-SC)                

Fim do ciclone tropical

O ciclone tropical teve uma pequena variação de intensidade hoje, porém mudou suas características e agora é um ciclone extratropical. O fato ocorreu porque outro ciclone(extratropical) afetou a organização do ciclone tropical. Os dois ciclones chegaram a estar bem próximos, como se pode observar na imagem de satélite abaixo(1310 GMT do dia 11).
Nesta imagem é possível notar o ramo frontal do ciclone extratropical quase chocando-se com o ciclone tropical. Por volta das 16h de hoje o ciclone tropical passou à categoria de extratropical. Isto deve-se ao fato de que o núcleo do ciclone resfriou quando ocorreu a interferência do outro ciclone. Ciclones extratropicais têm núcleo frio, ao contrário dos tropicais. Além disso, possuem um ramo frontal, o que é facilmente observado na imagem de satélite à seguir no canal de vapor d'água(0130GMT do dia 12)
E isto foi o que sobrou, um fim típico de uma tempestade ciclônica tropical.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Raro ciclone na costa brasileira

O ano de 2004 foi o limiar de uma nova era para a meteorologia brasileira. Foi neste ano que o furacão Catarina atingiu a costa da região Sul do Brasil, na noite de 28 de março, deixando traumatizadas as pessoas que presenciaram o fenômeno. Era um fenômeno que nunca havia ocorrido no Atlântico Sul desde o surgimento dos satélites, o que dificultou muito a previsibilidade do fenômeno. Com pressão no centro de 970 hPa, o furacão chegou a categoria 2 com ventos de 145 km/h, deixando 4 mortos e áreas costeiras completamente destruídas.

Quase seis anos depois, as condições do oceano e da atmosfera são favoráveis à formação de ciclones na costa brasileira. Com temperatura acima do normal, o oceano tem capacidade de fornecer mais calor para a atmosfera, combustível essencial para a formação do ciclone tropical. No Caribe é comum a formação ciclônica deste tipo, e isto ocorre geralmente com temperaturas da superfície do mar acima dos 26ºC. Na costa brasileira a temperatura não chegava aos 26ºC, porém estava muito próximo disto há uma semana atrás, quando se formou um vórtice ciclônico na costa da Região Sudeste, o qual foi causador de grandes volumes de chuva na Região, além de tornados.No Espírito Santo havia já outro sistema de baixa pressão, o qual se deslocou para o sul, o que não é comum. Este sistema deixou os meteorologistas do mundo inteiro atentos, pois tratava-se de um sistema raro no Atlântico Sul. Este fenômeno logo foi comparado com o padrão atmosférico observado durante a ocorrência do Catarina em 2004.
Quando chegou à altura do litoral de SC, o sistema praticamente estacionou a cerca de 200 km da costa, e foi adquirindo características ciclônicas. A carta de altitude mostra o vórtice ciclônico também em altitude, o que caracteriza se tratar de um ciclone.
Neste momento, a maioria dos modelos indicava que o ciclone se afastaria para o oceano, causando ventos fortes na costa e ressaca no mar. Muitos meios de comunicação informavam sobre a presença de um ciclone extratropical na costa, o que é um absurdo, pois os ciclones extratropicais possuem um ramo frontal que divide massas de ar. Havia portanto grandes indicativos de que o ciclone não afetaria diretamente a costa do Sul do Brasil.

Porém, hoje pela manhã o sistema permaneceu praticamente no mesmo lugar e começou a se aprofundar. Logo, os centros meteorológicos pelo mundo todo emitiram alertas e informativos relatando que o ciclone era mesmo subtropical(divide características tropicais e extratropicais, e não possui ramo frontal).

Durante a tarde desta terça-feira, o sistema foi classificado pelo NOAA como Invest90L, o que a 4 anos não ocorria na costa do Brasil. A partir daí, muitos dados do sistema foram fornecidos, já que o monitoramento do ciclone se tornou extremamente necessário. No começo desta noite, já se falava em tempestade tropical bem definida no litoral, e modelos indicavam que o sistema ainda permaneceria ali por até 48 horas. O mais preocupante, porém, é que alguns modelos indicam até a possibilidade de o ciclone entrar no continente, o que seria extremamente perigoso. A Metsul Meteorologia, por exemplo, não descarta a possibilidade de que o sistema atinja as características de um furacão nas próximas 24 horas.

Nas imagens de satélite é possível ver o olho do ciclone bem definido. As imagens abaixo são do canal infravermelho e de vapor d'água.

A imagem de radar também deixa claro que se trata de um sistema de circulação fechada. É possível notar duas paredes de nuvens com grande desenvolvimento vertical. Elas são responsáveis pelos grandes volumes de chuva e fortes ventos.
Nota-se que a tamperatura do mar neste momento é relativamente alta, o que mantém o ciclone tropical alimentado.

O ciclone tropical(que pode chegar à categoria de furacão) é caracterizado por ter núcleo quente em níveis baixos e altos. Ele se mantem ativo no mar em função do calor latente que a água do mar libera ao condensar. Parte deste calor é transformado em energia de movimento, e parte é liberada como excedente. Por isso, além do mar quente, o ciclone tropical necessita de um mecanismo que leve embora esse calor excedente, portanto ele funciona como uma máquina térmica.

Na postagem abaixo há 5 imagens do caminho percorrido pela baixa até chegar à tempestade tropical.

Trajetória do ciclone




terça-feira, 2 de março de 2010

Vórtices

O escoamento da atmosfera atravessa inúmeros obstáculos, muitos dos quais causam fenômenos interessantes devido à hidrodinâmica. Em algumas situações, formam-se os Vórtices de von Kármán, em função da maneira como se comporta o fluido(atmosfera) ao passar pelo obstáculo. Este fenômeno acontece principalmente na presença de alguma interferência isolada. Geralmente se formam vórtices em nuvens altostratus. A primeira imagem é de vórtices deste tipo que ocorreram em Cabo Verde, onde as montanhas, de origem vulcânica, ficam praticamente isoladas no meio do oceano e têm mais de 2000 m de altura em alguns pontos. A outra imagem é de uma ilha próxima ao Japão. Mais abaixo há uma animação de um modelo numérico que simula o escoamento com obstáculos e a formação dos vórtices de von Kármán.